Mecocephala Dallas, 1851

Schwertner, Cristiano Feldens, Grazia, Jocélia & Fernandes, José Antônio Marin, 2002, Revisão do gênero Mecocephala Dallas, 1851 (Heteroptera, Pentatomidae), Revista Brasileira de Entomologia 46 (2), pp. 169-184 : 170-174

publication ID

https://doi.org/ 10.1590/S0085-56262002000200009

DOI

https://doi.org/10.5281/zenodo.8284506

persistent identifier

https://treatment.plazi.org/id/923B4A0B-F03C-884B-61F2-3EA85A64FA4E

treatment provided by

Carolina

scientific name

Mecocephala Dallas, 1851
status

 

Mecocephala Dallas, 1851

Mecocephala Dallas, 1851: 180 ; Lethierry & Severin, 1893: 132; Kirkaldy, 1909: 71; Pirán, 1970: 126.

Espécie-tipo: Mecocephala acuminata Dallas, 1851 , por monotipia.

Tamanho variando de 11,1 a 19,3 mm. Corpo ovalado. Superfície dorsal levemente convexa, superfície ventral fortemente convexa. Superfíciedo corpo com pontuação densa; pontos de coloração negra a ferrugínea. Tíbias sulcadas dorsalmente, pernas sem pontos.

Cabeça longa, subtriangular, com comprimento iguala uma vez e meia a largura; jugas com margens sub-retilíneas, estreitando-se em direção ao ápice. Entreos ocelos, 1+1 bandas sem pontos, que partem da base da cabeça até a base do clípeo. Clípeo mais elevado queas jugas, subigual em comprimentoàs jugas ou ultrapassando-as. Superfície dorsal sobre as jugas e clípeo podendo apresentar estrias transversais, dando a impressão de enrugamento. Proporção dos segmentos antenais: terceiro e quinto subiguais em comprimento, mais longos que o quarto, este mais longo que o primeiro, sendo o segundo o menor de todos. Margens das búculas retilíneas ou sinuosas, divergentes em direção à base da cabeça. Ventralmente, no ápice das jugas, a pontuação é mais esparsa. Rostro longo, sempre ultrapassando em comprimento o meio do urosternito VI; três últimos segmentos subiguais em comprimento, cada um deles com o dobro do tamanho do primeiro.

Tórax. Pronoto trapezoidal. Ângulos anteriores em dente de ponta romba, dirigidos lateralmente, variando em comprimento. Margens ântero-laterais retilíneas ou sinuosas, emarginadas, crenuladas ou não. Largura do pronoto, ao nível dos ângulos umerais, duas vezes, ou mais, o comprimento do pronoto. Margens póstero-laterais sinuosas, margem posterior retilínea. Ângulos umerais não desenvolvidos. Cicatrizes concolores delimitadas por pontos, com alguns pontos no centro das cicatrizes. Ângulosbasaisdoescuteloapresentando fóveas negras; ápice arredondado, ultrapassando, pelo menos, a margem posterior do Vsegmento do conexivo. Prosterno, mesosterno e metasternorecobertospor umafileira longitudinal de pêlos brancos; mesosterno com uma carena mediana rasa, mais elevada anteriormente e evanescente posteriormente; metasterno plano. Ruga ostiolar em língua, com aproximadamentemetadedocomprimentoda metapleura. Área evaporatória metapleural com coloração mais opaca em relação ao corpo, ocupando dois terços do comprimento dametapleura, não atingindo a margem lateral do tórax.

Cório atingindoo quintosegmento do conexivo, com pontos menores e mais rasos que no restante do corpo, distribuídos uniformemente. Calo do ápice da veia Rádio variando no tamanho ena cor. Terço anterior damargem externa do cório de coloração distinta ou igual à coloração do corpo. Membrana do hemiélitro hialina e enfuscada, veias em número variável; sutura da membranasinuosa.

Conexivo exposto, com a mesma coloração do corpo, ou não, com pontos mais rasos que o restante do corpo; uma pequena mancha maisescura junto ao ângulo anterior de cada segmento, às vezes, presente; ângulos póstero-laterais retos. Urosternitos III a VI com sulco mediano raso, por vezes inconspícuo, onde o rostro se encaixa quando em posição de repouso. Abdome, ventralmente, com pontuação mais esparsa no terço mediano, por vezes desaparecendo totalmente. Espiráculos de cor negra; tricobótrios situados um de cada lado de uma linha imaginária longitudinal, tangente aos espiráculos. Urosternito VII com estrias transversais, dando a impressão de enrugamento.

Genitália do macho. Pigóforo ( Figs. 7-21 View Figs View Figs ) de contorno quadrangular, cápsula genital globosa, abertura da taça genital dorso-posterior. Bordo dorsal (bd) projetando-se sobre a taça genital. Ângulos póstero-laterais (apl) abertos, não escavados, projetados posteriormente ou não. Bordo ventral subdividido em dois folhetos, um superior (fsbv) e outro inferior (fibv). Folheto superior do bordo ventral projetando-se dorsalmente em 1+1 expansões globosas (egbv), com os ápices afilados, localizadas uma de cada lado do segmento X. Folheto inferior do bordo ventral produzido em umacarena (cbv) que partedos ângulos póstero-laterais, podendo ou não apresentar processos medianos e 1 + 1 saliências que podem produzir espinhos (efibv). Área do bordo ventral entre os folhetos superior e inferior rasamente escavada, sem pontos e com estrias transversais, dando a impressão de enrugamento. Segmento X (x) de forma ogival, subcilíndrico, apresentando uma carena dorsal subtriangular, com os ângulos basais pronunciados. Parâmeros (pa) reduzidos, achatados dorsoventralmente. Phallus ( Figs. 22-30 View Figs ) mais longo do que largo, cilíndrico. Aparelho articularcom placa basal (pb) simples, com um par de conetivos dorsais (cd) e processus capitati (pc) bem desenvolvidos. Phallotheca (ph) amplamente aberta posteriormente, com 1+1 processos ventrais medianos bem desenvolvidos, curvados em direção dorsal; ângulos pósterolaterais desenvolvidos. Conjuntiva (cj) bem desenvolvida, com dois pares de processos fortemente esclerotizados: processos 1 da conjuntiva (prcj1), em 1+1 estruturas ventrais, digitiformes, divergentes e curvados dorsalmente, localizados um de cada lado dos processos da phallotheca (prph), mais longos do que estes; processos 2 da conjuntiva (prcj2), em 1+1 estruturas látero-dorsais, achatados lateralmente ecom ápice mais escuro, curvados dorsalmente, estendendo-se além dos processos 1 da conjuntiva; dorsalmente, a conjuntiva apresenta duas intumescências junto à base da vésica (v). Vésica direcionada ventralmente, com um processo dorsal em escudo continuado em abas, voltado para o lado ventral; base da vésica envolvida por uma membrana no lado ventral. Ductus seminis distalis (dsd) extremamente longo, enovelado, podendo não se preservar após a dissecação.

Genitália da fêmea. Placas genitais ( Figs. 31-34 View Figs ) planas. Gonocoxitos 8 (gc8) muito levemente convexos, com bordos suturais retilíneos, emarginados e justapostos. Laterotergitos 8 (la8) destituídos de espiráculos. Laterotergitos 9 (la9) alongados, com ápice arredondado ou em ângulo agudo, ultrapassando ou não os laterotergitos 8. Gonocoxitos 9 (gc9) planos, formando o pseudoesternito levemente côncavo na área mediana junto aos ângulos suturais dos gonocoxitos 8. Segmento X (x) com pontos mais rasos e espaçados entre si. Superfície dos gonocoxitos 8 e, às vezes, dos laterotergitos 9 e gonocoxitos 9, com estrias longitudinais, dando a impressão de enrugamento. Gonapófises 9 (g9) ( Figs. 35-37 View Figs ) com 1+1 espessamentos secundários (esg9) em “L” invertido. Chitinellipsen (ch) com diâmetro subigual ou menor que o maior comprimento dos espessamentos secundários das gonapófises 9. Espessamentos da íntima vaginal (eiv) subtriangulares. Ductus receptaculi (dr) enovelado ou não, comprimento e espessura variando nas espécies. Capsula seminalis (cs) destituída de dentes, menor ou subigual em comprimento à parsintermedialis (pi).

Comentários. Mecocephala é relacionado a Amauromelpia Fernandes & Grazia, 1998 , Glyphepomis Berg, 1891 , Hypanthracos Grazia & Campos, 1996 , Hypatropis Bergroth, 1891 , Luridocimex Grazia, Fernandes & Schwertner, 1998 , Parahypatropis Grazia & Fernandes, 1996 , Paramecocephala Benvegnú, 1968 , Paratibraca Campos & Grazia, 1995 , Tibraca Stål, 1860 e Stysiana Grazia, Fernandes & Schwertner, 1999 , grupo de gêneros que compartilham vários caracteres morfológicos, constituindo um grupo monofilético (trabalho em preparação). Na genitália dos machos, o padrão daestrutura do pigóforo, parâmeros reduzidos ou ausentes, phalloteca com processos, conjuntiva com dois pares de processos e, na genitália das fêmeas, o ductus receptaculi desenvolvido, fortemente enovelado, constituem homologias que corroboram a monofilia do grupo. BENVEGNÚ (1968) reconheceu esses padrões ao comparar o pigóforo e o phallus de espécies de Mecocephala , Paramecocephala e Tibraca , três gêneros estreitamente relacionados entre si. Mecocephala distinguese dosdois últimos por tercabeça mais longa, comcomprimento pelo menos uma vez e meia sua largura, margens das jugas sub-retilíneas, ângulos póstero-laterais do pigóforo abertos e não escavados, e gonocoxitos 8 muito levemente convexos.

Distribuição. Mecocephala está restrito ao componente sudeste (SE) ( AMORIM & PIRES 1996) da Região Neotropical, sendo registrado para o Brasil (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul), Argentina (Misiones e Buenos Aires) e Uruguai (Santa Clara de Olimar, Maldonado, Montevidéu). As espécies M. acuminata, M. curculionoides , M. magna e M. maldonadensis estão restritas ao subcomponente norte-argentino/sul-brasileiro (ArgSBr) ( AMORIM & PIRES 1996), com o registro destas espécies para a Argentina, Uruguai e extremo sul do Brasil. M. zikani , conhecida apenas pelo holótipo fêmea, coletado no sul de Minas Gerais, tem o registro mais boreal, juntamente com M. bonariensis , porém esta última espécie é a que apresenta distribuição mais ampla, ocorrendo desde o sul de Minas Gerais, com registro no Rio de Janeiro e Paraná, no Brasil, até Buenos Aires, na Argentina e Montevidéu, no Uruguai.

Chave para as espécies de Mecocephala

1. Cor do corpovariando do vermelho-cobre ao negro ...... 2 Cor do corpo variando do castanho-escuro ao castanho-claro ................................................................................. 4

2(1). Pernas de coloração vermelho-cobre; calo do ápice da veia radial do hemiélitro de coloração alaranjada, tamanho grande ( Fig. 1 View Fig ); margensântero-laterais do pronoto damesma cor do restante do corpo ................ ............................................................. M. magna sp. nov. Não se encaixando na descrição acima ............................ 3

3(2). Margens ântero-laterais do pronoto fortemente emarginadas em toda sua extensão, de coloração vermelha, assim como a base do hemiélitro; largura do pronoto ao nível dos ângulos umerais, iguala duas vezes o seu comprimento ( Fig. 3 View Figs ). Laterotergitos 9 com margens internas subparalelas e ápice arredondado ( Fig. 32 View Figs ). Projeções globosas dofolheto superior do bordo ventral do pigóforo projetadas dorsalmente, comápice afilado curto, em ponta romba ( Fig. 8 View Figs ); carena inferior do folheto do bordo ventral do pigóforo com 1+1 elevações suaves, não formando espinhos ( Fig. 18 View Figs ) .................... M. bonariensis sp. nov.

Margens ântero-laterais do pronoto suavemente emarginadas, apenas nametade anterior, decoloração cobre intensa; base do hemiélitro da mesma cor do restante do corpo; largura do pronoto ao nível dos ângulos umerais igual a uma vez e meia o seu comprimento ( Fig. 6 View Figs ). Laterotergitos 9 com margens internas divergentes e ápice em ângulo agudo (Fig. 34). Machodesconhecido ................ M. zikani sp. nov.

4(1). Margens ântero-laterais do pronoto, metade basal do hemiélitro e conexivo castanhos-claro ( Fig. 4 View Figs ); conexivo com pontuação concolor; rostro extremamente longo, ultrapassando o VII urosternito; largura do pronoto igual a uma vez e meia o comprimento da cabeça; sulco do abdome incospícuo. Projeções do folheto superior do bordo ventral do pigóforo pouco desenvolvidas, dirigidas dorsalmente, com ápice afilado curto (Fig. 9). Fêmea desconhecida ........................................ M. curculionoides Pirán, 1959 Não se encaixando na descrição acima ............................ 5

5(4). Clípeo ultrapassando as jugas em comprimento, estas com estrias transversais; margens ântero-laterais do pronoto sub-retilíneas, fortemente emarginadas nos dois terços anteriores ( Fig. 2 View Figs ). Bordo dorsal do pigóforo projetado sobre a taça genital, encobrindo os parâmeros em vista dorsal (Fig. 7). Laterotergitos 8 com bordos posteriores sub-retilíneos ( Fig. 31 View Figs ) ......... ................................................ M. acuminata Dallas, 1851

Clípeo e jugas iguais em comprimento, estas sem estrias transversais; margensântero-lateraisdopronoto sinuosas, fortemente emarginadas em toda sua extensão ( Fig. 5 View Figs ). Bordo dorsal do pigóforo pouco projetado sobre a taça genital, parâmerosvisíveis em vistadorsal (Fig. 11). Fêmea desconhecida .................... ............................................... M. maldonadensis sp. nov.

Kingdom

Animalia

Phylum

Arthropoda

Class

Insecta

Order

Hemiptera

Family

Pentatomidae

Loc

Mecocephala Dallas, 1851

Schwertner, Cristiano Feldens, Grazia, Jocélia & Fernandes, José Antônio Marin 2002
2002
Loc

Mecocephala

DALLAS, W. S. 1: 1
LETHIERRY, L. & G. SEVERIN. 1: 1
KIRKALDY, G. W. 1: 7
PIRAN, A. A & PIRAN, A. A. 1: 1
1
GBIF Dataset (for parent article) Darwin Core Archive (for parent article) View in SIBiLS Plain XML RDF