Melanophryniscus cambaraensis, Braun & Braun, 1979

Braun, Pedro Canisio & Braun, Cristina Assunção Sirangelo, 1979, Nova espécie de Melanophryniscus Gallardo, 1961 do Estado do Rio Grande do do Sul, (Anura, Bufonidae), Iheringia Série Zoologia 54, pp. 7-16 : 4-1

publication ID

https://doi.org/ 10.5281/zenodo.10009993

persistent identifier

https://treatment.plazi.org/id/03F78795-713A-9207-FECE-FBDFFEBE5066

treatment provided by

Diego

scientific name

Melanophryniscus cambaraensis
status

sp. nov.

Melanophryniscus cambaraensis View in CoL n. sp.

( Fig. 1 e 2 View Figs )

DIAGNOSE -Espécie do grupo tumifrons,de tamanho pouco maior que M. macrogranulosus, corpo robusto, glândulas volumosas e tumefação frontal saliente; coloração dorsal totalmente verde com fundo azulado; regiões gular e peitoral de coloração branca, amarelada e verde; região abdominal, face interna das coxas e braços,palmas das mãos e pés,completamente vermelhas.

HOLÓTIPO - MCN 9797 macho, adulto, Fortaleza dos Aparados , Município de Cambará do Sul, Rio Grande do Sul (RS), Brasil, 7.I.1976, J J. Rodrigues leg.

LOCALIDADE-TIPO - Fortaleza dos Aparados, Município de Cambará do Sul, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

PARÁTIPOS _ 37 machos e 22 fêmeas, todos adultos: MCN 9752 a MCN 9755 , MCN 9757 a MCN 9788 , 9790 a 9796 c 9798 a MCN 9813 , Fortaleza dos Aparados . Município de Cambará do Sul, RS, Brasil, 7.I.1976, P, C. Braun. J. J, Rodrigues, C A. S. Braun, A. A. Lise, M. F. Beurmann, M D. S. Pinedae S. B. Scherer leg.

DESCRIÇÃO:Cabeça larga,cabendo pouco mais de três vezes no comprimento total do corpo. Olhos grandes, com pupila horizontal e íris preta. Ponta do focinho acuminada, narinas laterais. Distância internarinas cerca de 2 /3 maior do que a danarina àponta dofocinho.Distância olho-narina, bem maior do que o diâmetro ocular, e menor do que o espaço inerorbital. Comprimentoda cabeça pouco maior do que a largura. Aspecto geral bufonóide, sem glândulas paratóides e com tímpano invisível. Espaço interorbital quase o dobro da largura dapálpebra superior, eaproximadamente igual ao seucomprimento. Boca ampla,edêntula,mandíbulas triangulares. Língua piriforme,compouco mais da metade do seu comprimento livre, e sem entalhe posterior. Saco vocal único, de tamanho mediano, situado na região guiar. Tumefação frontal com largura ecomprimento equivalentes, mais alta nos machos, ultrapassando, quase sempre, a altura dos olhos. Pode se apresentar inteiriça ou com sinais de divisão na parte posterior. Corpo com muitas granulações, tanto dorsal como ventralmente. Glândulas da região dorsal muito grandes e de coloração verde bem mais viva do que o restante da pele, cujo fundo é verde azulado. Algumas glândulasapresentamsó a região apical branca, enquanto outras são totalmente brancas, principalmente as que ficam próximas, ou na zona lateral do corpo. A disposição das glândulas na região dorsal não obedece a um padrão definido, mas pode-se observar que aparecem cerca de seis fileiras dispostas no sentido rostro-anal, sendo mais evidentes as que ficam quase sobre a linha lateral do corpo. A granulação glandular atinge também as pálpebras superiores. Glândulas da região ventral um pouco menores que as da dorsal, sendoa maioria brancas e as restantes vermelhas. Membros anteriores e posteriores muito granulosos, com glândulas da face inferior geralmente brancas. Glândulasda região anal bem salientes e quase sempre brancas. Membros anteriores dos machos com mãos dotadas de calosidades sexuais escuras no primeiro e segundo dedos. Palma das mãos, em ambos os sexos, bastante granulosa. Calos carpais bem desenvolvidos, especialmente o externo. Calos subarticulares pequenos. Braços curtos e reforçados nos machos, com dedos fortes de ponta levemente engrossada. Braços longos e delgados nas fêmeas, também com ponta levemente mais grossa. Membros posteriores curtos em ambos os sexos, com tíbia e fémur mais ou menos equivalentes. Calos tarsais bem evidentes, sendo o interno maior. Calos subarticulares pequenos. Dedos dos pés finos, com pouca dilatação nas pontas.

A pele dorsal é de cor verde escura com reflexos verde azulados. Algumas glândulas apresentam coloraçãoverde bem mais intensa que o restante da pele, e com a região apical branca, enquanto outras são inteiramente brancas. Isto ocorre principalmentena região lateral do corpo.

Na região ventral observa-se uma grande diversidade de colorações, começando pela gula que se apresenta branco-amarelada ou amareloqueimada. Região peitoral verde-amarelada,algumasvezes com tons avermelhados. Região abdominal,face interna das coxas e braços,pés e mãos, de cor vermelha viva. Dedos dos pés e das mãos quasetotalmente vermelhos. Glândulas quase sempre brancas, tornando-se vermelhas nas zonas onde predominaessa cor.

A coloração nos exemplares vivos pode variar ficando o verde dorsal mais ou menos intenso. Nos exe'mplaxes mortos há uma grande alteração na coloração geral: o verde torna-se cinza escuro, podendocomo tempoe com a queda da camada superficial da pele, tornar-se quase preto; o amarelo e o vermelho desaparecem, ficando uma coloração esbranquiçada, às vezes levemente amarelada.

VARIAÇÃO -O exame dos parátipos da nova espécie mostrou que há variações, principalmente no tamanho dos machos que oscila entre 30 mm a 36,7 mm, e das fêmeas que vai, de 31,7 mm a 38,6 mm. O dimorfismo sexual é bem nítido, levando-se em conta o saco vocal do macho, o menor tamanho deste em relação à fêmea, seus braços curtos e robustos, e a presença das calosidades sexuais escuras nos dois prifneiros dedos da mão. Na fêmea, além da ausência de saco vocal e das calosidades sexuais, observa-se ainda braços longos e delgados, tumefação frontal mais baixa e maior comprimento total do corpo.

Nas tabelas de 1 a 4 são fornecidos dados biométricos do holótipo e dos parátipos da nova espécie.

NOTAS BIOLÓGICAS

A coleta da maioria dos exemplares verifícou-se às 11 h,apresentando-se a temperatura ambiente em torno de vinte graus centígrados. Chovia há vários dias. O holótipo foi capturado caminhando entre vegetação arbustiva, o mesmo acontecendo com dois parátipos. Os demais parátipos foram apanhados num pequeno riacho de água límpida e rasa, de leito basáltico, localizado à beira de um despenhadeiro com cerca de 600 m de profundidade. Muitos casais foram capturados em cópula. Segundo observações feitas no local, verifícou-se que após o amplexo o casal mergulhava, e a fêmea depositava os ovos que aderiam às hastes de plantas ou em pedras submersas.

Cada postura continhamais de cem ovos que mostravam nitidamente dois pólosdistintos,umpretoe outroamarelo.O diâmetrodecadaovoerade 2 mme estavam envolvidos por uma substância gelatinosa, de aspecto leitoso, alcançandoo conjunto ovo-substânciagelatinosao diâmetro de 4 mm. Os ovos ficavam fortemente aglutinadosforrriandouma densa massa.

Os casais capturados em amplexo ficaram muito tempo assim e diversas fêmeas desovaram dentro dos recipientes plásticos em que foram colocadas.. Proporcionalmente,em relaçãoàs fêmeas,haviaquaseo dobro de machos no localda coleta. O canto nupcial da nova espécie tem alguma semelhança com a parte final do canto de M. stehneri atroluteus . No mesmo local onde cantavaa nova espécie, outras também se faziam ouvir, tendo sido coletadas, entre omx-è&. Vroceratophrys bigihbosa (PETERS, 1872) e Hyla marginata BOULENGER, 1887 .

Kingdom

Animalia

Phylum

Chordata

Class

Amphibia

Order

Anura

Family

Bufonidae

Genus

Melanophryniscus

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